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Carta aberta ao Papa Francisco

Caro Papa Francisco,

Eminência,


Antes de mais, muito obrigado pela sua visita a Portugal e pelo empenho que tem demonstrado na defesa da nossa Casa Comum e no cuidado que devemos ter na preservação da mesma para garantir um futuro às gerações mais jovens: “O oceano lembra-nos que a existência humana é chamada a viver de harmonia com um ambiente maior do que nós; este deve ser guardado com cuidado, tendo em conta as gerações mais novas. Como podemos dizer que acreditamos nos jovens, se não lhes dermos um espaço sadio para construir o seu futuro?”.


Escutámos atentamente as palavras que proferiu no seu primeiro discurso oficial no nosso País, que nos foram particularmente caras por sermos uma associação ambiental que luta pela preservação de uma área verde superior a 50 hectares, na designada Quinta Nova de Santo António (popularmente conhecida como “Quinta dos Ingleses”), em Carcavelos. A Quinta Nova de Santo António constitui um pulmão verde único, com uma história e biodiversidade notável (sublinhada até em diversos estudos oficiais), essencial à preservação da qualidade de vida da população local e da Praia de Carcavelos, com a qual confina.


Esta área tem um projeto de urbanização megalómano (850 apartamento, 3 hotéis e centro comercial), que vem dos anos 60 do século passado e a que a Câmara Municipal de Cascais acaba de dar luz verde.


Este empreendimento aniquilará toda aquela zona, pondo em causa o bem-estar e a saúde das populações e das gerações futuras, provocará e agravará os efeitos do calor, aumentará a poluição e extinguirá todos os benefícios que uma área verde rica em biodiversidade possui, pondo em risco a própria praia, pela modificação dos ventos e da sedimentação das areias, impedindo as gerações, presentes e futuras, do bem-estar a que têm direito e degradando ainda mais a nossa Casa Comum.


Considerando e conhecendo o seu empenho na defesa da nossa Casa Comum (bem expresso no seu discurso em Portugal, na Encíclica Laudato Sí e no Angelus do passado dia 23 de julho;


Considerando a crise climática que vivemos e de que as recentes temperaturas atingidas em Itália e na Europa, a par das inundações noutras partes do mundo, são um claro exemplo;


Considerando as Jornadas Mundiais da Juventude e a sua passagem por Cascais, onde estivemos presentes;


Pedimos-lhe: ajude-nos a travar a destruição com fins meramente lucrativos de uma tão vasta área verde, essencial para as gerações mais jovens; uma destruição que privará as gerações jovens de uma parte importante da nossa Casa Comum local e nem sequer melhorará a vida ou as necessidades da população (por se dirigir apenas ao mercado de luxo), quando a crise da habitação afeta tantos portugueses, como Vossa Santidade também referiu no seu discurso inaugural.


Ajude-nos a esclarecer os políticos míopes que prosseguem uma política ultrapassada, presos numa economia destrutiva, que tantos danos gerou e continua a gerar, designadamente devido à especulação imobiliária.


Vimos, por tudo isto, apelar à intervenção de Vossa Santidade, em orações e junto dos responsáveis locais, para que o futuro de todos nós possa ser salvaguardado e a Casa Comum também aqui preservada, salvaguardando os 50 hectares de vida da Quinta Nova de Santo António (Santo português cujo exemplo e empenho também mencionou na sua passagem por nós).


Com os nossos melhores votos e solicitando a Sua bênção para esta causa,

O SOS Quinta dos Ingleses










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